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Conteúdos / Entrevistas



A importância da participação dos pais no desempenho escolar dos filhos

Entrevista cedida para RCE – Rede de Educação e Valores – rceonline.com.br

1 - Há um consenso dentro e fora do Brasil sobre a importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos. Por que essa participação, esse acompanhamento é tão importante e até que ponto essa  participação dos pais contribui para o sucesso escolar dos filhos?

R:
A participação dos pais na vida escolar dos filhos, na maioria das vezes, pode ser determinante para o melhor desempenho escolar dos mesmos, tendo em vista que o interesse dos familiares incentiva a aprendizagem dos filhos e melhora sua autoestima. 
Por outro lado, devemos ter cuidado com o discurso do sucesso versus fracasso escolar relacionado ao apoio ou negligência dos pais/mães, pois muitos filhos, mesmo sem o apoio necessário dos pais, conseguem manter o foco nas atividades escolares. Para isso, é importante que eles tenham o suporte dos professores e possuam motivação para garantir um bom desempenho escolar.
 Pode-se afirmar, portanto, que quando a família está estruturada, participa das atividades da escola (como reuniões, formações), está ciente das ações pedagógicas (como o calendário de avaliações, os conteúdos das matérias, os resultados obtidos), enfim, se interessa pelas tarefas escolares dos filhos, há maior possibilidade de que o aprendizado e o desempenho escolares sejam satisfatórios.

2 - As escolas com frequência têm se queixado da omissão dos pais, da falta de acompanhamento escolar por parte dos pais. Essa é uma queixa que procede?


R:
Depende muito da postura da escola. Na prática psicopedagógica, o que tem se observado, no que tange às queixas dos familiares, é que muitas vezes a escola só chama os pais quando a situação escolar do aluno já está comprometida. Ou os pais são chamados para o relato de queixas e dificuldades nas relações professor/ aluno/compromissos.
 Ocorre que, nem sempre os pais são chamados para receberem um elogio quanto ao bom desempenho e participação dos filhos nas atividades escolares e de sala de aula.
Por outro lado, a questão da falta de tempo das famílias hoje, tem dificultado um maior envolvimento e participação dos pais nos eventos escolares.
Talvez as escolas devessem fazer maior divulgação das propostas ou fazer mais campanhas com os filhos para que os pais convivam mais com as atividades acadêmicas.
Tem que haver inovação nessa área, convidar alguns pais para irem à escola, falar do seu trabalho, de suas atividades, propor gincanas, campeonatos, enfim, tem que haver estímulos para aumentar a participação e a demanda das famílias e os alunos precisam se envolver e querer esta participação.

3 - O papel dos pais se diferencia ao longo da vida de acordo com a idade e a série que a criança frequenta. Na idade dos 2 aos 6 anos, que corresponde ao período da educação infantil, como deve ser, de forma concreta, o acompanhamento dos pais?


R:
A grande maioria das instituições de Educação Infantil consegue manter a família mais próxima da escola, pois os cuidados e a preocupação com essa faixa etária é maior (o que não deveria ser, pois todas as faixas etárias requerem cuidados, porém, de diversas complexidades e especificidades).
Dos 2 aos 6 anos, a comunicação entre escola/família/escola pode ser feita através da agenda escolar, onde tudo fica registrado. Se a criança dormiu, alimentou, brincou, alterou o comportamento, enfim, se teve alguma intercorrência. Os comunicados e circulares são colados na agenda e os pais devem ler todos os dias e assinar confirmando que estão cientes da rotina das crianças.
Em caso de alguma dúvida ou esclarecimento que requer uma conversa mais específica, faz-se o agendamento na escola com a orientação e ou coordenação pedagógica e, quando possível e necessário, com a professora.
De fato, nesta etapa escolar, percebe-se que as famílias ficam mais presentes nos eventos e festas escolares, principalmente quando elas ocorrem aos sábados.
  • Os pais tendem a envolver-se de forma mais efetiva e comprometida com a vida escolar quando a criança inicia o processo de alfabetização. No período da educação infantil muitos pais consideram que a criança vai para escola só para brincar, desenhar, socializar. Enfim, há um certo descuido na educação infantil. Quais hábitos já podem e precisam ser formados desde os primeiros anos de vida?
     
  • A importância da rotina na vida das crianças (horários e regras previamente estabelecidas e seguidas com constância e repetição: horário de dormir e acordar, horário para TV e jogos eletrônicos, horário e local adequado para realização dos deveres, etc)O quadro de horários funciona e auxilia os pais?
R: A rotina é necessária para a criança, pois é estruturante e traz segurança para ela mesma.
A escola é um lugar privilegiado para garantir que as atividades sejam realizadas de acordo com a expectativa da criança. Ela já entende desde cedo que, ao chegar na sala de aula, tem a rodinha, a brincadeira livre, a hora da história, o lavar as mãos, o lanche, enfim ela fica segura, pois já prevê o que vai acontecer.

E os hábitos de vida diária como lavar as mãos antes de se alimentar, escovar os dentes depois, guardar os brinquedos, organizar seu lugar, já são adquiridos na tenra infância.

Já o brincar para a criança é de extrema importância, pois favorece a simbolização do mundo interior de pensamentos e afetos e é a primeira experiência de AUTORIA.

Através da imaginação, a criança pode dar vazão a seus desejos e vivências mais íntimas, inventar (se), relatar(se) criar narrações.

Pela atividade lúdica e artística a criança expressa, representa, elabora e denuncia os seus conflitos, vivendo o faz-de-conta como suporte para a realidade. Portanto, o brincar, socializar e desenhar é bastante importante na Educação Infantil e deve ser privilegiado e garantido.

A rotina em casa deve ser mantida, ou seja, é importante que desde cedo a criança aprenda a se organizar dividindo as horas em: tempo de lazer, tempo de estudo, tempo de realizar os deveres de casa, tempo de ajudar nas tarefas de casa, tempo de eventos sociais e familiares, tempo com os amigos, tempo de leitura, tempo para as mídias eletrônicas.

Tudo isso dentro de um bom senso esclarecido pelos pais e ou cuidadores. O quadro de horários informando o tempo disponível e garantindo uma qualificação do mesmo é estruturante e ajuda na construção de hábitos saudáveis que serão adquiridos e internalizados para os próximos níveis de ensino e até para a construção da vida adulta de forma equilibrada e eficaz.

4 - No período da alfabetização muitos pais ficam ansiosos para que os filhos aprendam a ler. Há uma certa urgência e exigência para que a alfabetização aconteça de forma cada vez mais precoce. Quais as consequências desta ansiedade dos pais e como eles podem agir para contribuir com o processo de alfabetização e para desenvolver o gosto pela leitura?

R: O poeta Mário Quintana diz que: “Os piores analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”. Muitos pais desejam que os filhos leiam, porém eles mesmos não são leitores e as crianças aprendem mais pelas ações dos pais do que pelas palavras.

O processo de alfabetização e letramento é particular de cada indivíduo que o elabora em um tempo específico.

É uma construção que deve ser estimulada considerando também a contribuição das neurociências sobre as janelas de oportunidades, ou seja, os estímulos certos na hora certa. De nada adianta querer acelerar o processo de aquisição da leitura e da escrita, pois não se deve forçar a maturação infantil, sob o risco de desvitalizar a criança e torná-la resistente com os objetos de conhecimento.

Os pais devem confiar no trabalho desenvolvido pelas escolas que optaram para seus filhos e manter sempre a parceria família/escola, estabelecendo uma relação dialógica com os professores e orientadores.

Caso haja alguma discrepância ou dificuldade maior da criança na aquisição da língua escrita e esgotando-se os recursos da escola, faz-se necessário a ajuda de profissionais externos (fonoaudiólogos, psicopedagogos e psicólogos) para avaliar e identificar o que possa estar ocorrendo no processo cognitivo da criança.

A ansiedade e a cobrança exagerada dos pais podem trazer prejuízo para a autoestima dos filhos, tornando-os inseguros quanto às suas capacidades e competências.

5 - Qual a relação entre limite e sucesso escolar? A presença dos pais como referência de autoridade. (Limite para internet, computador, TV...

R: Como andam os limites dos pais? Excesso de trabalho, pouca convivência familiar, consumismo, bebidas alcoólicas, etc...

Temos visto hoje na sociedade contemporânea, o declínio do nome do pai, ou seja, a perda da autoridade paterna. Muitas famílias são regidas pelos desejos dos filhos e muitos pais não medem esforços para atender a estes desejos como forma de compensar a ausência em função das relações de trabalho e sobrevivência.

Enquanto pais e educadores,  não podemos perder a referência de que somos os adultos da relação pais/filhos e que é nosso dever educá-los  na perspectiva da formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

A questão dos limites é necessária na formação de um psiquismo saudável e controle emocional diante das adversidades que a vida vai oferecer ao longo do desenvolvimento das etapas da vida.

Crianças e adolescentes precisam de limites até mesmo para ter certeza de que são amados.

A ausência dos mesmos pode acarretar:
Descontrole emocional, distúrbios de conduta/tirania, dificuldade em concluir tarefas, deformação na percepção do outro, sentimento de menos valia.

Por outro lado, os benefícios dos limites: desenvolve a capacidade de adiar satisfação, aprende a diferenciar necessidade de desejo, ensina que a cada direito corresponde a um dever, aprende a conviver socialmente, internaliza a lei – Nome do Pai, estimula a assumir responsabilidade e respeito com o outro.

Quanto ao uso das mídias eletrônicas como: televisão, celular e internet, deve haver um acordo entre pais e filhos para um uso razoável que não prejudique os estudos, a convivência social e familiar.

Em relação à dicotomia limite e sucesso escolar, não podemos ser reducionistas a ponto de concluir que é uma relação de causa e efeito pois, precisamos aprofundar nos conceitos do que seja “sucesso escolar”.

6 - O momento do dever de casa em muitas famílias é um momento tenso. Muitos pais queixam da falta de capricho, de interesse, que os filhos levantam toda hora durante a realização, etc. O que fazer para que o momento do dever não seja tão desgastante ou conflituoso?

O dever de casa faz parte da política educacional da maioria das Instituições de Ensino e é tarefa do aluno.

Tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento moral dele, isto é, cumprir com uma obrigação que é sua e assumir a responsabilidade pela qualidade na realização da tarefa e as consequências pela sua não realização.

É a construção do senso de responsabilidade, da formação do cidadão, além de favorecer a sistematização dos conteúdos das matérias trabalhadas em sala de aula, disponibilizando maior capacidade de registro de novas aprendizagens.

Deve ser de tal  forma organizado para garantir o sucesso em sua realização, dentro de um compromisso contratado entre professor e aluno.

Aos pais cabe a conferência dos mesmos, nem que seja no período da noite quando, se subentende que é o tempo em que os mesmos  estão presentes em casa.

Há de se ter o bom senso de que, a  partir do ensino médio, já não seja mais necessário que os pais fiquem cobrando as tarefas escolares dos filhos, pois, a partir deste nível de ensino, é esperado que os alunos já tenham adquirido autonomia e responsabilidade para com seus compromissos escolares.
   
Portanto, o dever de casa é do aluno e para o aluno.

Aos pais, cabe prover local, tempo e material adequado para sua realização e uma parceria de cumplicidade e interesse. Apoiar a criança,  ajudá-la a sentir-se segura, mas nunca substituí-la ou ensinar-lhe a inventar desculpas, ditar respostas (fazer por ela), dizer que o professor não ensinou... Pais que fazem o dever pelo filho estão lhe ensinando que os compromissos podem ser delegados a terceiros, que não precisam ser respeitados.

Se a criança mostrar-se descompromissada, recusar-se a fazer o “Dever”, ela deve enfrentar as consequências de seus atos: irá para a aula sem ele, sem desculpas inventadas; terá que entender-se com seu professor.

Se o dever encaminhado estiver impossível de ser realizado pela criança, ele deve ser devolvido à escola, com as devidas observações da família. A parceria dos pais na realização de uma tarefa ou outra é muito interessante porque provoca a cumplicidade entre pais e filhos. Por exemplo: um jogo, uma produção de texto, a análise de uma obra literária ou um artigo de jornal, uma notícia da atualidade, a construção de maquete... Algo que os pais podem estar  junto, sem fazer pelo filho, mas participando com ele.

Concluindo, o Dever de casa/o “Para casa” é compromisso da criança/aluno.

7 - Hoje uma prática comum tem sido a terceirização do acompanhamento escolar. Os pais contratam professoras particulares, babás ou contam com a ajuda dos avós que assumem o acompanhamento escolar diário.  Essas pessoas por mais competentes que sejam não podem substituir os pais. Mesmo contando com este apoio o que os pais podem e devem fazer para participarem da vida escolar?

Do ponto de vista ideal, os pais é que deveriam acompanhar diariamente as tarefas e o desempenho escolar dos filhos. Entretanto, sabemos que a realidade de muitas famílias não atende a essa expectativa.

A terceirização das tarefas escolares muitas vezes serve para aliviar a falta de tempo dos pais e também porque os mesmos sentem-se inseguros para ensinar conteúdos de algumas matérias. Neste sentido, um professor particular pode contribuir muito, mas sempre tomando o cuidado de não estabelecer uma relação de dependência entre o aluno e o professor particular, que deve estimular a construção da autonomia de aprendizagem em seus alunos.

A grande maioria das escolas possui sites muito bem elaborados, onde existem links com estudos autônomos, deveres de casa, aulas virtuais, indicações bibliográficas, questões de avaliações, simulados, dicas de leituras complementares, resultados obtidos, informativos, regimento escolar, proposta político pedagógica, dicas culturais, enfim, uma gama de conteúdos disponibilizados.

Cabe aos pais acessarem essas informações, dialogar com os filhos, motivá-los a fazer bom uso dessa ferramenta virtual, acompanhando e participando da vida escolar de seus filhos.

8 - As novas configurações familiares acarretam novos desafios para o acompanhamento escolar. Vamos citar por exemplo a situação de pais separados que tem a guarda compartilhada e a criança fica dois ou três dias escolares com a mãe e os outros dois ou três dias com o pai? Como deve ser este acompanhamento?

Pesquisas apontam que em média 95% das separações de pais acarretam dificuldades no bom desempenho escolar dos filhos. Para obter um bom desenvolvimento cognitivo, as questões emocionais e afetivas precisam estar em harmonia.

Nos casos de separação e guarda compartilhada, cabe aos pais se organizarem para minimizar os efeitos negativos desse evento e se responsabilizarem juntos para garantir que as tarefas sejam cumpridas em tempo hábil sem prejuízo para a criança.

Sabemos que em situações de conflitos familiares, as crianças e adolescentes podem produzir alguns sintomas que aparecem no contexto escolar. Nestes casos, é importante que a família sinalize para os orientadores e professores as intercorrências familiares e cabe aos agentes educacionais relativizarem a questão e caso necessário encaminharem a criança ou  adolescente para um acompanhamento psicopedagógico e ou psicológico  para dar suporte às famílias.

Pode-se perder a sinergia entre o casal, mas os lugares de pai e de mãe devem ser garantidos e ocupados pelos mesmos no sentido de trazer segurança aos filhos.

9 - A adolescência é uma fase desafiadora e com frequência os pais queixam que a escola, o estudo deixa de ser objeto de interesse e investimento dos filhos. Como os pais devem agir e como eles podem acompanhar os filhos adolescentes?

Segundo as neurociências, há perda de receptores para dopamina no final da infância e a consequência disso é o aparecimento do tédio e da preguiça.

Procura-se novos prazeres no início da adolescência, mais estímulos para gerar ativação do sistema dopaminérgico e de recompensa. Então, atividades  como jogar vídeo game, ouvir música alta, fazer atividade física, jogos de computador,namoros, comportamento de risco, comer (chocolate) impulsividade/imediatismo, interações sociais são procuradas pelos alunos a partir dos 13 anos, que agora estão configurando novas identificações e buscando sua identidade.

O desinteresse pelos estudos nessa faixa etária é comum tendo em vista as transformações fisiológicas, maturacionais e sociais inerentes aos adolescentes.

Cabe à escola promover palestras para os pais, mostrando as especificidades dessa etapa da vida e alertando-os sobre a melhor maneira de lidar com os questionamentos, as oposições, as transgressões, o interesse pela sexualidade e pela ampliação da identidade grupal.

Aos pais cabe sempre manter o canal de comunicação aberto com seus filhos para que os mesmos confiem neles e possam expressar seus sentimentos, suas dúvidas e angústias próprias da idade.

Em relação aos estudos e ao cumprimento das tarefas, é necessário deixar claro para os adolescentes que o melhor caminho para se conseguir o que quer é o caminho da vontade, todavia, essa vontade pode não aparecer, então, terão que ir pelo caminho da necessidade, ou seja, fazer o que é necessário ser feito em relação aos compromissos e responsabilidades escolares.

Mudar a perspectiva do lugar de aluno e investir no lugar do estudante. Aquele que estuda e se preserva mesmo com todas as adversidades e os vários estímulos e apelos sociais típicos dessa faixa etária. Aprender a lidar com o crescimento e aceitar as mudanças que certamente ocorrerão.

10 - A participação na reunião de pais, o diálogo e a valorização dos professores, da escola, do saber, enfim, ter a vida escolar dos filhos como prioridade vai determinar a forma como o meu filho vai assumir a vida escolar?

O educador e psicanalista Rubem Alves diz que: “Saber tem que ter sabor!” Este é um dos desafios da educação hoje. Fazer com que os alunos tenham mais interesse nos assuntos da escola e tenham prazer em aprender.

Muitos jovens ainda confundem a escola com um clube! A escola é um lugar privilegiado de inserção social, lugar de construção de relações que podem durar anos de amizades, namoros, encontros agradáveis.

Porém, a escola não é um clube. Na escola tem aulas, tarefas a cumprir, prazos, avaliações, sanções, regras, uniforme. Existe um ofício de aluno que tem que ser realizado, independente da concepção ou modelo de escola, seja ela pública ou privada, tradicional ou construtivista.

A valorização dos professores é uma questão de política pública e também social. Um professor valorizado, bem formado, criativo, com acesso aos bens culturais e que tenha boa comunicação com os alunos pode garantir o interesse dos mesmos nas relações de aprendizagem.

Quanto ao envolvimento dos pais, é muito importante que sejam participativos na vida escolar dos filhos, mas que não sobrecarreguem os mesmos com cobranças excessivas, com comparações, que não associem resultados com afeto, que só se interessem por assuntos da escola e se esqueçam de manifestar carinho, que deem atenção às questões emocionais, de saúde, de cuidados com atenção, lazer, e proporcionem momentos de união e bom convívio familiar.

Seria leviano afirmar que os pais terem a vida escolar dos filhos como prioridade vai determinar a forma como os filhos vão assumir a vida escolar, pois existem diversas contingências e complexidades nessa relação.

Temos muitos casos em que mesmo os pais não se interessando e nem priorizando os estudos dos filhos, estes conseguem se destacar academicamente. É nesse caso, segundo a psicanálise o desejo movido pela falta.

11 - O que fazer diante de uma média perdida, uma recuperação, uma ocorrência de um dever não feito ou mesmo uma reprovação?

A reprovação é autoexplicativa. É sempre consequência das aprendizagens não realizadas, competências não adquiridas ou de dificuldades que não foram identificadas e trabalhadas em tempo hábil.

Nesses casos, esgotadas as intervenções da escola, vale a indicação de profissionais externos para avaliar a questão e promover um suporte para que o aluno e seus familiares possam refletir, analisar e encaminhar junto à escola uma relação de ajuda.

Quanto às ocorrências dos deveres, estas devem sempre estar registradas na agenda do aluno e assinadas pelos pais. Cabe ressaltar que quando o pai ou mãe assina uma ocorrência, eles não estão concordando com ela e sim que estão cientes de que os filhos estão faltando com seus compromissos escolares e que deverão assumir as consequências de suas escolhas e se submeter às devidas sanções propostas pela escola.

A recuperação é um direito garantido para o aluno. É uma nova oportunidade para que o mesmo aprenda o que não foi aprendido. Ele deve refazer as avaliações em que perdeu média, buscar recursos para aprender o conteúdo e garantir as competências necessárias para vencer o desafio colocado. Aos pais, cabe dialogar com os filhos e caso necessário, colocar restrições quanto ao uso de mídias eletrônicas para lazer até que a aprendizagem seja garantida e a média recuperada.

Aos familiares cabe sempre:
  • Valorizar sempre os aspectos positivos da criança e/ou adolescente;
  • Descobrir seus talentos, reconhecer e elogiar seus avanços e tentativas;
  • Estimular e apoiar suas iniciativas buscando fortalecer sua autoconfiança;
  • Incentivar atitudes que promovam autonomia; organizar horários de estudos em casa;
  • Dar continuidade aos acompanhamentos médicos, psicopedagógicos ou psicológicos;
  • Não tratá-lo mediante as dificuldades apresentadas e sim como um ser que é capaz de vencê-las com estratégias diferentes e criativas;
  • Estimular seu pensar sem dar respostas de forma pronta e rápida;
  • Garantir que as tarefas escolares para casa sejam feitas com zelo e entregues em tempo hábil, estimulando seu esforço;
  • Ler com ele e para ele caso ele não consiga manter fluência e compreensão no texto;
  • Manter contato e atender as solicitações da escola quanto às reuniões e orientações pedagógicas.
Dicas de Filmes:

*Juno
*Como estrelas aqui na terra
*Escritores da Liberdade
* Entre os muros da escola
* Ao mestre com carinho
*Pro dia nascer feliz
*Preciosa
* Aos 13

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